A liberdade, a espontaneidade, a criatividade e as intuições sociais.

 


  A liberdade, a espontaneidade,  a criatividade e as intuições sociais. 


       Se domesticar  é se adaptar a um grupo  social qualquer (igreja, escola, família,  empresas etc.)  , e, consequentemente, abdicar de quem você é de verdade. Em nome dessa adaptação, muitas vezes, abrimos mão da nossa espontaneidade, deixamos nossa criatividade camuflada por não ter direito a vez e voz e, o que é pior de tudo, deixamos de ser livres, de fazer escolhas por conta própria, sem ao mesmo tempo podermos expressar o que pensamos e o que achamos ser. 

      Aliás, a criança é fruto das escolhas e crenças dos seus pais e da comunidade onde vive e mesmo quando cresce, fugir desse ciclo é algo extremamente complexo.  Assim, ela já nasce sem liberdade, mas a criatividade, a espontaneidade e outras coisas que o tornam um ser único lhe são retiradas depois por pessoas, intuições sociais etc. 

    É uma constatação triste essa, mas basta observar um pouco a realidade ao nosso redor para ver o quanto isso acontece. 

     Vou relatar o que vejo na prática (minha opinião com base em observações pessoais). Além de casos familiares (diversos),  tive observando, principalmente, as crianças que chegam ao sexto ano da escola de ensino fundamental em que trabalho. 

     É bom ressaltar que elas estão se descobrindo e saindo de uma fase escolar em que se identificavam com uma só professora (chamada por isso mesmo de tia). Além de estarem entrando na pré- adolescência, um período de muitas descobertas. 

     Quando chegam a essa fase em que não mais serão identificadas como crianças (embora muitos ainda o sejam), a curiosidade é grande,  a expectativa de encontrar espaço para liberar a curiosidade e a criatividade represados é enorme. 

    Porém, quanto maior a expectativa, em igual proporção advém a frustração de constatar que não terão novidades, pois a escola, tirando as louváveis exceções, quase sempre são mais do mesmo. 

     Então, boa parte dos alunos* (termo inadequado, pois ninguém é sem luz, ainda que essa luz signifique conhecimento)  constatam que têm que fazer o mesmo esforço de adaptação, dantes experimentado noutras situações,  e lá se foi a motivação inicial. 

Deixa a vida me levar!!

   Durante anos observei dezenas deles (e delas) com enorme potencial ao chegar ao sexto ano e que foram se adaptando e relaxando até que todas as suas expectavas fossem frustradas. 

    Como são inteligentes se perguntam: Qual a diferença em ser R, B ou MB ? Além de mostrar para a família os "bons resultados" e com isso auferir algum beneficio (seja afetivo ou material), talvez se tenha algum ganho em termos de autoestima em alguns casos. 

     Mas, há estudantes (termo mais adequado) que sabem do seu potencial e, nesse caso, não faria tanta diferença assim. Desse modo, preferem não ser diferentes (tratados como CDFs) e se juntam com a grande maioria daqueles que serão aprovados com R. E não precisam de nenhum esforço para atingir esse objetivo básico.


     Vi muitos alunos brilhantes fazerem isso e, admito, entendo a atitude deles como um jeito de se rebelar contra um sistema falido, pois, os professores do sistema publico de ensino também estão no mesmo barco e tirando (o que não tem) do próprio bolso para suprir muitas carências da esquecida escola publica.  

    Essa constatação gera uma sensação de impotência em todos que, como eu, refletem sobre o assunto.  E não estou falando apenas da escola (meu campo de trabalho), mas da sociedade como um todo. 

     Talvez, nas sociedades do futuro, tenhamos mais noção desse equivoco gigantesco e milenar que transforma os seres humanos (racionais) em meros fantoches de um sistema de ideias (quase todas equivocadas) já estabelecidos. 

    As ideias de liberdade, criatividade e da existência de seres espontâneos estão pedindo passagem. Não há (ou não haverá) mais espaço para que seres humanos sejam domesticados para ser aquilo que as pessoas querem que eles sejam. 

     Todos ansiamos por mais liberdade, espaços de participação, espontaneidade, amor.....


*Aluno: Significa um ser que não tem luz.


Francisco Lima


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