A fossa de Rafael



 E a vida seguia sem que nada digno de nota mudasse a rotina de Rafael e Marta. Ele estava confortável com a amante jovem e linda, um troféu que deixava seu ego mais inflado que nunca e ela deu um tempo nas suas cobranças, pois já não estava segura de que casar com Rafael seria a melhor decisão a tomar.


Dona Marlene, esposa de Rafael, ignorava as possíveis peripécias do marido. O sabia egocêntrico e metido a garotão, Porém, seus afazeres ocupavam dignamente seu tempo, de modo que não podia ficar preocupada com as possíveis aventuras extra conjugais do marido.


Sempre ouvia uma coisinha aqui , outra aculá, mas preferia não entrar nessas picuinhas. Ignorava solenemente as fofocas em derredor. Tinha mais o que fazer.


Marlene adorava os trabalhos sociais que fazia numa instituição voltada para a educação de jovens nas periferias da cidade. Sentia-se realizada nesses afazeres que não só ocupavam-lhe o tempo, mas davam-lhe, verdadeiramente, satisfação.


Um dia, pressionado pela namorada, Rafael tentou entrar no assunto do divórcio:


- Há tempos que não temos mais intimidade. Nossas relações sexuais estão cada vez mais raras. Isso não te encomoda ?


- A mim não encomoda. Você quer me dizer alguma coisa?


- Você se vê separada de mim?


- Não me oporia se algum dia você quisesse o divórcio, se é isso que você quer saber.


- Mas você não gosta mais de mim?


- O meu gostar não pode chegar ao ponto de querer que você fique comigo contra a sua vontade. Todos somos livres.


Rafael ficou satisfeito com essa primeira sondagem sobre o assunto. Entendeu que não haveria drama quando chegasse o momento aprazado de abordar o assunto com seriedade.


Ele, porém, sem entender o porquê, não queria tomar aquela decisão. Parecia que, intimamente, não queria o divórcio.


Mas aconteceu uma reviravolta no seu relacionamento extra conjugal:


- Cansei da sua indecisão Rafael. Marta o estava jogando para escanteio.


- Mas eu não posso viver sem você. Não faça isso comigo.


- Vai ser bom damos um tempo para pensarmos no que realmente queremos.


Rafael ainda tentou contemporizar, mas não teve jeito. Marta o dispensou e ele ficou sem chão.


Os dias, as semanas e até os meses que se seguiram foram os mais difíceis da vida de Rafael. Tentou falar com Marta que não o atendia ao telefone, foi até a casa dela, mas não foi recebido.


Sentiu-se "depressivo" e pela primeira vez na vida buscou ajuda profissional.


Botou na cabeça que não conseguiria viver sem a jovem que trouxe mais colorido ao seu viver.


Será que Rafael vai superar a fossa?


No próximo capítulo responderemos a essas e outras questões.


Francisco Lima


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