As belas canções são eternas.

 



Josenilton adora ouvir músicas  brega dos anos setenta e oitenta, mas não é apenas isso que ouve. Gosta também de rock daquela mesma fase. O filho, Hamilton, está sempre enchendo o saco:

- Você não ouve outra coisa não? Parece que ficou "preso no passado'.

-O que posso ouvir senão as músicas boas que a história deixou pra gente? 

- Mas existem boas músicas no presente também. É só se abrir para novos gostos e novas possibilidades.

O filho gostava de encher o saco do pai, pois ele mesmo gostava de algumas músicas de MPB antigas e, especificamente , de rock dos anos noventa e dois mil. Mas, especialmente, gostava de boas letras e intérpretes que deixaram seu nome na historia.

Era aniversário de vinte e cinco anos de Hamilton e só rolava rock de quase trinta anos atrás. Então, o pai resolveu dar o troco no filho: 

- O que isso? Será  que estou ouvindo bem?

Mas você não abomina o passado?

- Na verdade não pai. Eu até gosto de músicas do passado, mas também não deixo de apreciar as atuais. Aliás, eu conheço muitos bons cantores e compositores da MPB e alguns são do seu tempo.

- Quem, por exemplo?

-Eu gosto de Belchior. Acho algumas de suas letras bem poéticas. Aliás, estava refletindo sobre essas nossas conversas e escrevi um poeminha sobre isso (Hamilton é poeta).

- Então me dê para eu ler. 

- Vou buscar. Em minutos, o pai estava lendo em voz alta a pedido do filho, pois não havia acanhamento entre eles:


Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais.


Nossos pais são dinossauros anacrônicos, vivem presos ao passado são caretas,  estão sempre fugindo do presente tal qual um anacoreta.


Porém,  como a realidade é paradoxal, pois, muitas vezes, o culto do passado está na cultura, nos modos e, principalmente, no gosto musical.


Não dá para dizer que o passado é que era melhor, pois cada tempo é único, não sendo melhor nem pior, assim, entendo bem a indignação de Belchior.


Gostar do passado é rum então? Não precisamos chegar à tão drástica conclusão, pois o perigo é não estar ancorado no agora, vivendo só no passado, tirando os "pés no chão".


Apesar de gostar do outrora, o passado não volta mais e penso como Belchior que, em certo sentido, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais.


Hamilton Souza


- Adorei meu filho! É exatamente isso o que acontece.


- Escrevi como se eu fosse você. Pensando em você.


- Dá para para perceber. Obrigado filho!


E pai e filho continuaram conversando sobre letras de canções de Chico Buarque, mas também de Emicida e assim a noite foi passando.

E você? Já  teve alguma treta com alguém  por causa do seu gosto musical?


Francisco Lima 


Bom dia!

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