Dona Maria e suas questões existenciais.

 



 - Que homem mole! Não aguento mais tanta lentidão!

-   Calma minha querida! A ansiedade não te faz bem. Cuidado com o coração!

Essa era a rotina de dona Maria, uma mulher muito prática e racional. A lentidão de Carlos, seu marido, a irritava sempre. Mas ele é quase sempre calmo e adora fazer as tarefas domésticas. 

Maria tem um lado do psiquismo masculino forte em seu ser. Já o marido é o oposto e ela se pergunta se sua raiva não seria por outra razão. 

Às vezes pensava: 

- Será que Carlos e homossexual? Mas logo se arrependia desse pensamento inaceitável.

Religiosa ao extremo, não aceita a homossexualidade como algo natural. Tem dentro de si uma rejeição muito forte pelos gays.  Uma única vez se perguntou: 

- Mas não somos todos filhos do mesmo Deus?  Em seguida, justificou: 

- Os homossexuais são transviados do caminho da religião e, consequentemente, do caminho de Deus.

Porém dona Maria nunca se perguntou por que casou-se com um homem sensível e até meio afeminado e por que ela tinha um lado racional forte e tinha um psiquismo maís próximo do masculino que o marido. 

Um dia, um colega petulante conversava sobre psicanálise e disse que a homofobia pode ser uma homossexualidade mal trabalhada dentro da gente. Ficou com raiva dele que parecia jogar indireta para ela.

Foi buscar tratamento psicológico e ouviu do primeiro psicólogo a mesma coisa dita há tempos pelo colega. 

Trocou de psicólogo, arrumou uma psicóloga da sua igreja e evitou entrar nessas questões. 

Até hoje dona Maria não entende o que a vida está querendo dela, embora isso seja óbvio para muita gente e lhe cause muito sofrimento.  

Mas ela está começando a se conhecer melhor e um dia chegará lá. Já não é tão inflexível e, aos poucos, vai aceitando novas idéias.

Tenha calma dona Maria! 

A senhora vai chegar no autoconhecimento, pois é um caminho natural. E seu marido pode te ajudar muito.

E você? Já teve os seus momentos de dona Maria?

Se já teve, bem vindo ao clube!

Francisco Lima


Bom dia!!


Comentários

  1. Não, nunca tive. Amo pessoas. Tenham a idade que tiverem, a cor que tiver, o gênero que for. Só não pode ser mau caráter.

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