João e seu telhado de vidro.
O programa pinga sangue diário emitia sua energia deletéria de sempre:
- Bandidos roubam celulares de pedestres em plena luz do dia. Isso é um absurdo!
O senhor João, telespectador assíduo não continha sua revolta:
- Tem que matar essa corja toda. Bandido bom é bandido morto!
João foi criado em comunidade e viu toda sorte de exclusão e dificuldades passadas pelo povo. Não entendia, porém, que ter filhos pode significar ter telhado de vidro.
Um dia, aconteceu o inesperado: O filho do senhor João, que também já tinha filho para criar e estava meses desempregado foi preso em flagrante com um comparsa quando tentavam assaltar um posto de gasolina. Agiu no desespero e foi a primeira vez que se envolveu com o crime.
O rapaz foi exposto em cadeia nacional no tal programa pinga sangue. João quase infartou. Num primeiro momento, não aceitou o fato, depois disse (da boca pra fora) que o filho tinha que ser preso para arcar com as consequências do seu ato. Finalmente, depois de pensar melhor, disse em prantos:
- Meu filho é trabalhador! Não é justo que seja exposto assim nesse programa.
E alguém lhe perguntou;
- Mas seu filho não se encaixa na máxima: "bandido bom é bandido morto"?
João xingou e saiu da sala revoltado.
A irmã que o havia alertado (mesmo que uma pergunta aparentemente incoveniente) era uma pessoa mais flexível e começou a cobrar dele uma postura mais humana e menos preconceituosa.
Depois de ver seu filho preso por quase um ano, João se revoltou com o sistema de justiça brasileiro.
Nada mais irônico!
Mas, pouco a pouco, depois de muitas conversas com sua irmã, começa a ver as coisas por um novo ângulo.
Quem tem filhos tem telhado de vidro e a vida pode nos ensinar com duros golpes.
Você já viu situação parecida com a do senhor João?
Francisco Lima
Bom dia!

Felizmente não. Mas é isso aí. Todos nós temos um telhado de vidro. Pelo menos uma telha. E a probabilidade de ser recharcido pela vida é grande, no que tange a esses julgamentos. Porque estamos julgando sempre. O outro é mais visível para nós que nós para nós mesmos. E como a vida é feita de causas e consequências, a cobrança vem logo ali. Mas aprendemos vivenciando, e aprender com os erros é uma aprendizagem e tanto. E quanto temos ainda o que aprender! A fragilidade do outro pode e sempre costuma ser diferente da nossa, o que devemos entender que devemos respeitar o outro como ele é. Cobramos atitudes com a nossa perspectiva, como se nossas verdades fossem as certas. Cada um é um universo, como dizia o Raul, aquele maluco beleza.
ResponderExcluirÉ sempre assim. Para os outros as leis mosaicas e para nós a lei de Jesus.
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