Quem aceita a companhia do amor?

 



A ilha dos sentimentos estava desaparecendo. Seus habitantes estavam em polvorosa e quase todos faziam o que podiam para rumar para o continente. O amor não possuía uma embarcação própria e ia precisar de uma carona para se livrar da catástrofe iminente. Viu um barco suntuoso e achegou-se. Era a embarcação da riqueza:


  • Posso ir com você dona riqueza? 


  • Aqui não há mais espaço. Eu  sou a riqueza e possuo muitos haveres. Além do mais, já estou abrigando parte dos bens da avareza que acumulou tanto que não tem como levar tudo na sua enorme embarcação. Aqui não há espaço para o amor.


Mas o amor não tinha a menor presa. Sabia que, de uma forma ou de outra, conseguiria sair da ilha a tempo. 


E o amor continuava seu tour pela ilha onde observava a grande quantidade de embarcações  que se preparava para zarpar.  Chegou perto de um barco enfeitado em demasia. Era a embarcação da vaidade:


  • Há espaço para o amor nesse lindo barco?


  • Não aceito ninguém que possa me ofuscar por aqui. A vaidade deve reinar soberana!


No barco do orgulho teve resposta similar, no do egoísmo não podia nem pensar, a esperança já se encontrava em alto mar. Sem esperança o amor procurou a fé, mas essa teve pressa e também já tinha dado no pé.


E o amor ficou desolado, caminhou até o finalzinho da ilha e ainda encontrou a preguiça que não se dava conta do que acontecia. 


  • Vamos procurar ajuda enquanto é tempo?


  • Me deixe sozinha que daqui não me levanto não.


E o amor encontrou um barquinho velho, bem corroído que abrigava um velhinho com barbas bem compridas. Era o tempo:


  • Posso ir com o senhor?


  • Claro! Sempre há lugar para mais um.


Então, depois de ver o quanto o amor teve que peregrinar, pensei:


  • Só mesmo o tempo para resgatar o amor. 


E você? Será que amor tem encontrado abrigo em seu coração?


Francisco Lima


Bom dia!!




Comentários

  1. Difícil comentar sobre tal assunto. Quando se trata de Amor, deveria ser algo tão simples, se o homem não abrigasse dentro de si todos os outros sentimentos aqui nomeados. São todos entraves para o Amor. Comentá-los daria um livro. Ater-me-ei nesse sentimento sublime que é o Amor. E já não será fácil, pode crer. Até porque nosso entendimento sobre ele ainda é muito ínfimo. A sua grandeza ultrapassa qualquer entendimento nosso, então tentarei lidar com o que está ao meu alcance. Tentarei, hein? Começarei dizendo que (para mim) o Amor é o remédio e a cura de todas as dores, problemas, doenças, que provêm todas justamente da sua falta. Há mais de dois mil anos alguém tentou transmitir esse ensinamento. Condenado, terminou concluindo que "eles não sabem o que fazem." Não sei a extensão desse sentimento, mas podemos começar pela sua cartilha. "Amai a todos como a si mesmo." E contando que tem quem não ame nem a si próprio. Mas não compliquemos. Está dito. Amar o próximo. O outro. Aquele com quem convive e com os que não convivem. Pensar no coletivo. Todos somos uma só energia, nos transformando o tempo todo. Dependemos um do outro para formarmos essa unidade. Somos incompletos sem o outro. E podemos demonstrar esse entendimento nos atos mais simples. Começam sempre no pensamento. E se mostram nas atitudes. Solidariedade, resiliência, carinho, atenção, respeito, paciência, equilíbrio, pertencimento, tudo que envolve o pensar coletivo. Sem ele o Amor não existe.
    Aí entra o Tempo. O único que o acolhe. Ninguém o domina. Ele simplesmente existe, embora haja quem diga que não, que é relativo. Considero como um dos mistérios do mundo. Mas para pobres mortais como nós, ele sempre passa. E a gente só percebe vendo em nós e em torno de nós as mudanças que acontecem. E o Amor segue de carona nele. Para onde irão, se chegarão a algum lugar, não sei dizer. Só posso lidar como que conheço e meu conhecimento é esse nosso, seres pequenos que somos. Aqui ele funciona como objetivo. E vamos mudando aos poucos com idas e retrocessos. Temos a sensação de que o tempo vai e volta. Não. Ele sempre segue, nós é que vamos e voltamos. Nós é que regredimos, não o Tempo. E quando sempre que isso acontece, a gente mais longe fica do nosso propósito: o Amor. Aceitemo-lo como o que conhecemos e sigamos focados nele, como forma de evolução, pois quem já possui sua centelha já está mais perto dele. E de degrau em degrau caminharemos, mais fortes, mais plenos. Para onde? Não sei. Sei que vou e vou feliz.

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    Respostas
    1. Amor! Antídoto para todos os males. Um dia chegaremos a conhecê-lo.

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  2. Consertando um erro forte de concordância: Aqueles com quem convivemos e aqueles com quem não convivemos.

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