Diário de um favelado 1.

 


Diário de um favelado.

Oi gente! Tudo bem ? Meu nome é Wiliam, tenho onze  anos de idade, sou preto com orgulho  e pretendo  relatar para vocês a minha dura  rotina como morador da favela do rato molhado. 

Sobreviventes.

Hoje é  dia 5 fevereiro e seria a volta às aulas na comunidade, mas, por aqui as coisas funcionam de acordo com o termômetro da violência. Quando a coisa fica muito quente, ficar dentro do barraco já  não é garantia de vida.  É tiro pra tudo que é lado e conheço alguns que morrerem dentro do "aconchego do lar".

Aquela segunda feira, dia 05 de fevereiro,  parecia um dia normal. Andávamos pela comunidade e víamos as mazelas de sempre, mas que já estávamos acostumados a ver: Os meninos do "movimento" com seus rádios de comunicação, outros com  armas em punho e drogas sendo ofertadas.

Willhiane, minha irmã de oito anos,  e eu íamos contentes  para a aula inaugural da única escola existente dentro  da nossa comunidade, quando, no meio do caminho percebemos que aquele não era um dia normal:

Do nada,  o silêncio se transformou em tiro, porrada e bomba ou melhor: em tiros, correria e vítimas inocentes tombando nessa guerra injusta e sem fim.

Tivesse a comunidade aviso antecipado dessa "operação" e pessoas inocentes não estariam expostas, crianças não arriscariam suas vidas no meio da rua. 

É grande a minha indignação!


Comentários

  1. É triste a situação dos moradores de comunidades. Falam dela como se nela só houvesse bandidos, como se nelas não morassem famílias, pai, mãe, avó, filho... Pessoas como nós que saem de lá pra trabalhar, se divertir. Bobagem dizer que são pessoas como nós. Não temos ideia do que seja viver em contínua tensão, com medo de perder a vida. Dormir sem saber se acordará. Cada dia é uma roleta russa. Subjugados pela violência dos traficantes e pela polícia, pela milícia até pela sociedade que a discrimina. As histórias a gente ouve daqui, mas não temos ideia do seu dia a dia. Willians e Willianes tem de sobra nas comunidades. Esse reclama de não os alertarem sobre o dia que não seria normal, não aventa a ideia de que normal seria as comunidades serem organizadas, sem violência, sem marginal. Como falo bobeira! O que é ser marginal? Na marginalidade eles já vivem. É difícil achar uma solução pra isso. Ela está em cima de uma história trágica escrita com sangue e suor do povo preto. Essa história ainda precisa ser passada a limpo.

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    1. Agora estou vendo minha amiga com tudo o que tem direito. Estava com saudades desses comentários, pois eles dão mais conteúdo ao texto. Vou usar sugestões dos seus comentários para as próximas postagens. Fique com Deus minha amiga.

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