Diário de um favelado (crianças no tráfico)
14 de fevereiro
Para morar na favela temos que ser muito resistentes, resilientes (aprendi essa palavra na aula de ciências ) e, acima de tudo, conscientes do caminho que queremos trilhar na vida. Não é fácil manter o foco diante de tantas adversidades e, por essa razão, não critico aqueles que acabaram se perdendo no meio de um caminho tão sinuoso. (Tô meio filosófico hoje né!).
Fui abordado perto da zona conflagrada, caminho obrigatório para chegar em casa. Nessa região fica a boca e pode-se ver crianças e adolescentes que foram seduzidas pelo "movimento".
Estava distraído pensando em como seria a vida desses meninos e meninas num futuro hipotético quando:
- Pera aí menor!
- Algum problema?
- Você não quer trabalhar com a gente?
- Não é a minha praia.
- Pensa bem. 150 conto por dia é três vezes mais que você ganha ralando naquela padaria.
- Não tenho interesse.
Rato, esse é o apelido do menino que me abordou, não tinha mais que desseseis anos. já estava no tráfico há mais de três e, por essa razão, já podia ser chamado de sobrevivente.
Já tinha levado alguns tiros, mas acabou sobrevivendo. Não chegou a ser atingido em nenhuma parte vital. Seu orgulho é ostentar a pistola que, no seu imaginário, o torna bem mais poderoso que aquele menino franzino e raquítico.
Pobre Rato! Pobres crianças que no seu desespero acabam cedendo a esse apelo tão forte!
Me sentindo muito triste!!
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