Diário de um favelado (fome e pobreza)
08 de fevereiro
Tem dia que é difícil!
Não é nada fácil a vida de pobre, pois muitas vezes é difícil conseguir até o básico para a alimentação do dia a dia. Quando a escola está aberta, as coisas são mais fáceis, pois eu e meus irmãos nos alimentamos por lá., Porém, desde o final de dezembro estamos em casa e nem sempre há o que comer, pois alimentar cinco bocas não é uma tarefa fácil.
Minha mãe faz faxina três vezes por semana e ganha 120 reais a cada vez que vai o que dá 360 reais por semana, pouco mais de 1300 por mês. É preciso muito equilíbrio, ainda mais que o dinheiro entra "pingado" e acaba rápido. Fazer uma compra maior, nessa situação é impossível.
Minha irmã mais nova, de três anos, queria comer pão, mas minha mãe só tinha o da passagem e já estava no trabalho.
- Eu quero comer pão.
- Só tem arroz e ovo.
- Eu quero biscoito então.
- Os biscoitos acabaram. Mamãe compra quando chegar do trabalho.
- Mas eu tô com fome.
Cozinhei três ovos e dei para ela comer. Não queria comer ovo, mas era o que tinha e teve que se conformar.
As vezes fico pensando:
Tem gente muito mais pobre que nós aqui na favela. Como será que eles vivem com tão pouco?
Acho que o pobre aprendeu o milagre da multiplicação. Não dos pães e peixes, mas da merreca que precisa ser esticada até o fim do mês. Ou será que são mágicos?
É duro ver tanta pobreza! Se não fosse a solidariedade entre vizinhos e a escola que alimenta toda essa criançada, talvez muitos peressessem de fome.
Tristeza e indignação!!
Falar em pobreza nesse país é falar da maior parte da população. Falar de miserabilidade só sabemos o que lemos, pois é inimaginável. Não sabemos até que ponto sobrevivem. A história desse menino se dá numa favela. Lá há pobreza. Alguns mais, outros menos, como nosso personagem. Tem arroz e ovo. E ele se pergunta se tendo o que tem já é difícil, imaginem como se viram os que têm menos ainda. Na verdade, não sabemos. A desigualdade social nesse país é grande. E é um país imenso! Temos diferentes tipos de resistência à desvalida vida. Cada região tem seus problemas, mas a fome que dói é a mesma. Voltemos à favela. A menina ficou sem pão e biscoito, mas tinha arroz e ovo. Essa é a pobreza a que nós, privilegiados, temos algum alcance de conhecimento. O resto amigo, é miséria. Já nos foge o alcance.
ResponderExcluirE eles ainda tem ovos e arroz. Há os que nada tem nesse momento tão triste da nossa história em que a fome volta com uma força incrível ao mesmo tempo em que os bilionários ficam cada dia mais bilionários. Lamentável!
ExcluirPois é. Está tudo tão bem desenhado, e as pessoas não percebe a discrepância entre a riqueza e a pobreza. A diferença só aumenta. O pobre ficando mais pobre e o rico mais rico.
ResponderExcluirPercebem.
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