Diário de um favelado (hipócritas homofóbicos)
18 de fevereiro
José Carlos é um menino afeminado, gay assumido e querido por muitos na escola. Desinibido, não dá bola para alguns comentários preconceituosos que, vez por outra, ouve de alunos da escola.
Um dia, resolvi conversar sobre o assunto com ele:
- Como você consegue se mostrar tão forte diante de um ambiente muitas vezes hostil?
- Desde criança pequena sou chamado de bichinha, viadinho e coisas do gênero.
- Mas você não sofre com isso?
- Já sofri muito mais. Porém, agora aprendi a ser indiferente. Não dou Ibope aos preconceituosos. Prefiro ignorá-los.
- Você é um exemplo de força.
- Mas não pense que eu não sofro, não choro. Tem dia que é mais difícil.
- Imagino.
Nesse mesmo dia, eu precisava sair mais cedo da escola, pois minha mãe ia se atrasar para chegar em casa. Ao chegar na secretaria, ouvi o seguinte diálogo:
- Aquele viadinho é muito escandaloso! Não basta ser bicha! Tem que aparecer!
- Isso é falta de "educação cristã". Dizem que a mãe dele é sapatão.
Não quis ouvir mais nada! Deva nojo de ver tanto preconceito saindo da boca de supostos educadores. Eu conhecia as vozes das professoras que falavam semelhante absurdo, mas a minha decepção foi maior, pois ao sair vi que a diretora também se encontrava no recinto.
Havia pelos menos sete pessoas na sala e todos, na minha opinião, eram cúmplices das barbaridades proferidas por aquelas duas "professoras", pois ninguém interviu ou tentou se posicionar de maneira mais empática e compreensiva.
Me sinto muito indignado quando um discurso supostamente religioso serve para justificar preconceitos de todo tipo.
Será que Jesus não acolheria os homossexuais?
Se a resposta for sim, essas pessoas tem um discurso anticristão.
Me sentindo indignado com tanta hipocrisia!!
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