Diário de um favelado (Kauane e o álcool ).
13 de fevereiro
À noite fui à casa de Kauane e fiquei feliz ao saber que ela não tinha nenhum problema comigo. Nos beijamos de novo e eu estava cada vez mais envolvido. Muito mais mais do que deveria.
A certa altura, ela tirou uma cerveja em lata da geladeira e me ofereceu:
Quer um copinho? Não vai me dizer que a criança nunca bebeu?
E não mesmo.
Dessa vez não menti. Não tinha uma relação muito amigável com a bebida. Detestava quando minha mãe bebia e vi que, talvez, fosse complicada a minha relação com Kauane devido a isso.
Você não sabe o que está perdendo. Adoro a sensação de liberdade, a alegria que sinto depois de beber.
Mas quando vira vício fica complicado.
Mas se a gente tiver medo de tudo não vive. Eu não sou medrosa como você.
Não é medo. É que eu vejo até onde o álcoolismo pode nos levar.
Eu jamais serei alcoólatra. Sou equilibrada.
Todos dizem a mesma coisa.
Me arrependi dessa resposta, mas já tinha falado.
Já vi que vai ser difícil namorar com uma criança moralista.
Tive que ir embora para não cair nas provocações dela. Não queria complicar aínda mais as coisas.
Depois vou relatar aqui o envolvimento da minha mãe com o álcool. Não tenho intenção de ir pelo mesmo caminho.
Me sentindo triste e decepcionado. Mas a vida é assim mesmo.
Um relacionamento que já se vislumbra ser tóxico, é melhor nem começar, no caso, não continuar. Ele teve a maturidade que a vida dificil lhe proporcionou, para não alongar um namoro que poderia lhe trazer sérios problemas. Não só a intimidade com o álcool, mas o comportamento desleixado, de faltar às aulas e acordar tarde, já mostrava ali uma pessoa que não honrava seus compromissos. Ele deu sorte. Descobriu a tempo. A sorte e a maturidade o alertaram.
ResponderExcluirEle é um garoto responsável. Não vai combinar mesmo. Melhor sofrer um pouco agora que muito mais depois.
ExcluirCom certeza.
ResponderExcluir