Diário de um favelado (meu avô)
23 de fevereiro
Vocês podem estar se perguntando de onde um menino de onze anos tira tantas reflexões e ideias que podem estar acima do entendimento de uma criança. Parte do que tenho aprendido com a vida de deve às muitas conversas com meu avô (mas não avô dos meus irmãos).
O pai do meu ausente pai é um filósofo sem universidade e, no meu entender, tem uma sabedoria muito grande, pois adora ler sobre os mais diversos assuntos. Sr Sócrates (apelido do vovô José Carlos) é conhecido na favela por conhecer a sobre "tudo" e por saber argumentar até convencer o oponente.
Minha mãe não incentiva muito essa relação, pois tem muita mágoa do meu pai que a abandonou grávida com quatorze anos, mas eu me apaguei ao filósofo Sócrates e fico horas fazendo perguntas sobre os mais diversos assuntos.
Faço questão de bater um papo com ele quase todos os dias, mas não sou um mero repetidor de idéias. Sempre tive ideias próprias e não preciso concordar com todas as ideias do meu avô.
Sr Sócrates (José Carlos) tem cinquenta anos, trabalha como motorista de ônibus e conseguiu terminar o ensino médio fazendo provas de supletivo, pois não tem tempo de frequentar escola.
Quer estudar filosofia à distância em uma universidade pública(não tem grana para pagar) e não vê a hora de o CEDERJ (consórcio de universidade públicas à distância) implantar esse curso.
Apesar da distância que minha mãe prefere manter em relação à família do meu avô, o tenho como uma das maiores referências da minha vida. Aprendo com ele muito mais que na escola que não acompanha minha sede de saber.
Oportunamente viu lhes apresentar meu guru, digo meu filósofo preferido.
Me sentindo grato!!
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