Diário de um favelado (Racismo explicito!)
10 de fevereiro
Diário de um favelado (Racismo explicito!)
É sábado de sol e os favelados aproveitam para pegar uma praia. A Kombi do seu Zé carrega mais de vinte cabeças. É tanta gente que mais parece um ônibus. É um sentado no colo do outro e a alegria é geral.
Fomos para a zona sul e, logo que chegamos, deu para perceber o incômodo dos ricos que olhavam pra gente com cara de nojo. As crianças não estão nem aí para o preconceito dos "donos do pedaço". Se divertem a valer!
Tirando esse pequeno contratempo, tava todo mundo se divertindo e o dia parecia que ia terminar muito bem.
Porém, aquela tarde quente ainda nos reservaria uma surpresa nada agradável. Um corre-corre generalizado e a polícia tentava pegar alguns meninos acusados de roubo por pessoas que andavam pelo calçadão.
Os acusados teriam corrido para a areia justamente próximo de onde estávamos. No meio da confusão, sinto dois braços fortes como aço me segurando e logo em seguida sou esbofeteado no rosto com uma força descomunal.
Minha mãe protesta:
O que isso? Por que vocês estão agredindo meu filho?
É um ladrãozinho safado que vai levar o corretivo que merece.
Mas ele não saiu de perto de mim em nenhum momento.
Todos vocês falam a mesma coisa para se protegerem. Eu conheço essa tática de vocês marginais favelados.
Dezenas de pessoas (favelados como eu) se juntaram para me defender e todos diziam que eu não havia saído dali.
Diante de tantas vozes a me defender, os tais "policiais" não tiveram outra solução senão me liberar.
Será que algum dia nos veremos livres desse racismo hediondo, onde nascer preto é já nascer condenado ?
Revoltadíssimo e doido para fazer uma merda!
Preciso botar a cabeça no lugar, pois meus irmãos precisam de mim.
Só preciso esquecer tanta barbaridade! Mas sei que é impossível!

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