No Recanto das rosas parte 5.

 



Antes de dormir, ouvindo uma música suave e depois de refletir bastante  sobre a beleza daquele "hotel dos sonhos" que embelezava minhas noites com suas paisagens, lá estava eu de novo.  O sono veio e eu sequer me dei conta disso. 

Na verdade, a música que ouvia já não era a mesma que tocava próximo da minha cama, mas o som ambiente do recanto das rosas. O Interessante foi que me transpus para lá de maneira natural e imperceptível. Ainda gostaria de entender melhor esse processo.

Mas, como da outra vez, fui parar direto no prédio de vidro citado nas narrações anteriores e o jovem Luiz Filipe estava diante de mim. Fui logo expondo uma dúvida que me espicaçava a curiosidade:


- Minha dúvida é ainda sobre o planejamento do golpe. Sabe-se que muitos grupos ultra-conservadores da sociedade civil contribuíram para a sua consumação. 

-E aqui ? Não tem desses grupos?

- Os há em grande número. Existem ainda inúmeras colônias compostas desses censores da vida alheia.

- Então, o planejamento do golpe teve a participação desses grupos?

-  Sem dúvida nenhuma.

- Mas não foram os espíritos das zonas abismais...

- Ai é que entra a parte mais polêmica. Inúmeras dessas colônias contribuíram para tal intento e, nesse aspecto, fizeram pacto com aqueles que lhes tem afinidades. Vou te mostrar uma coisa. 

Fui levado para uma sala onde havia vários  jovens que trabalhavam, aparentemente, com dados estatísticos sobre variados assuntos. O jovem Marcos, a um comando de Luiz Filipe se aproximou:

- Seja bem vindo ao departamento de dados estatísticos Francisco! Respondi com um sorriso. 

- Mostre para nós os dados sobre o golpe militar de 1964, pediu Luiz Filipe.

- Em alguns monitores, viam-se as imagens de várias colônias (eles me esclareceram que se tratavam de colônias) onde se viam pessoas que não se conformavam com a situação política do Brasil na época do governo de João Goulart. Muitos desses lugares eram habitados por pessoas com os hábitos pretos dos clérigos da igreja católica terrena.

- Existem muitas coloniais com esse perfil? 

- Incontáveis. Ainda não temos um número preciso delas. Mas contam-se às centenas e estão sempre surgindo novas a cada dia.

- Só os clérigos católicos habitam esses lugares?

- Não. Os ultra-conservadores em geral são atraídos para esses locais. 

- Existe alguma liberdade....

- Eles têm pavor  dessa palavra.

- Então, se eu entendi bem, os lideres desses locais se aliaram a intelectuais das zonas abismais....

- Exatamente!

- Mas nem todos os mentores do golpe são de áreas onde reinam o atraso e o sofrimento.

- Será que não...?

Fiquei refletindo:  As diferenças entre àquelas colônias sombrias e as zonas abismais podiam  estar apenas na forma de organização,  pois poderia haver convergência de pensamentos em muitos aspectos. 

- Seu pensamento pode ser   um reflexo da realidade.  Pelo menos eu vejo desse modo.  Disse Luiz Filipe.

- Mas qual a razão da polêmica em torno do fato então?

- É que em muitas colônias  onde predominam o conservadorismo, ainda há a opinião de que o golpe teve aspectos positivos para o Brasil. 

- São  todas habitadas por clérigos como os exemplos que vimos?

-Não. Há espíritas e pessoas de diversas orientações religiosas, mas que se agarraram num conservadorismo secular. Há colônias que criaram fama na terra pelos livros ditados e ONDE AINDA se encontram tais posicionamentos. 

- E nessas colônias "famosas" há um pouco da liberdade que se vê no recanto das rosas?

E o  Cachorro latiu antes que eu pudesse ouvir a tão esperada resposta. Fui bruscamente acordado mais uma vez.

Apesar de tudo, creio que houve um avanço considerável nas conversas com Luiz Filipe.

Você poderia imaginar semelhante cenário a nos circundar ?

Até  amanhã , se a sorte nos permitir.


Francisco Lima 


Bom dia!!





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