Diário de um favelado (Homofobia mata)
25 de fevereiro
Disse que ia falar um pouco sobre o meu amigo Lucas, aquele que suicidou tomando chumbinho, deixando estarrecidos os amigos e a própria família.
Ele não era um menino triste, nem introvertido, mas apenas as pessoas mais próximas sabiam da suas dores morais. Ele não tinha diálogo com a família que não aceitava sua orientação sexual.
Sendo homossexual, Lucas era constantemente orientado pela família a buscar a cura para o que eles consideravam uma doença. Segundo sua mãe, o pastor Eduardo da igreja que a família frequenta, poderia buscar ajuda psicológica se ele quisesse lutar contra o " homossexualismo".
Lucas não concordava com o posicionamento da família e se sentia discriminado dentro de casa.
Nos últimos tempos, estava bebendo em demasia e se sentindo totalmente sem rumo.
Aluno inteligente, estava sem motivação para ir para a escola. Lucas, de fato, precisava de acompanhamento psicológico, mas o que lhe ofereciam era uma suposta cura para a sua homossexualidade. Ele não via sua orientação sexual como doença e tinha divergências com a família, não queria mais ir para a igreja nem para a escola.
Tudo o que foi relatado já é suficiente para que Lucas entrasse em parafuso, mas ainda há a discriminação na escola, na comunidade, na rua, na igreja e outras questões internas do menino.
Me sentindo indignado com tanta hipocrisia!!
Por esse tipo de problema e sem saber lidar com ele, esse menino está se distanciando das pessoas e da vida. Como viver num mundo onde todos o condenam? Tem que haver uma força muito grande dentro de si e a aceitação dos pais, o quê é tão importante. Esse menino não tem. Esse afastamento das pessoas, é um sinal de que a depressão já se está instalando. A perda do afeto acontece, então tudo é possível acontecer. Uma sociedade hipócrita como a nossa, em que o preconceito impera, seja de que for, mata. Porque a depressão quando não mata fisicamente, mata a alma da pessoa. É preciso acabar com o preconceito para não perdermos entes queridos. Não perdermos o outro, de quem tanto precisamos. Acho que já estamos caminhando nesse sentido, à medida em que uns se impõem, abre espaço e dá força àqueles que ainda precisam.
ResponderExcluirTenho fé que algum dia haveremos de ver uma onde não se mistura religião e preconceito. O preconceito corroborando pela religião é uma coisa muito triste.
ExcluirAbrem
ResponderExcluirDão força
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