Eleição no grande hospício.

 


O grande hospício estava em polvorosa, pois naquela semana haveria eleição para o novo presidente do local. Havia a expectativa de se eleger um candidato que sentisse na pele o que é ser louco. Ou seja, era a oportunidade única de os loucos votarem em alguém à sua imagem e semelhança.

A única condição para que alguém se tornasse candidato era ter formação em psiquiatria. Mas, não precisava, necessariamente, estar ligado à instituição, mas apenas provar a formação acadêmica e o vínculo com uma instituição similar.

Foi assim que surgiu um candidato que em pouco tempo virou um MITO entre os loucos, pois era tão agressivo quanto os pacientes em surto. Mas falava a mesma língua dos alucinados que passaram a acreditar em tudo o que Magno Insano falava.

Até o nome de batismo do candidato é diferente, pois significa grande louco, mas ao  que parece, isso aproximou ainda mais o "Grande insano" dos seus eleitores. 

Magno ganhou, foi comprovado que ele  não tem formação nenhuma, sendo um louco fugido de outra instituição.  Os pacientes, porém lhe dão apoio incondicional  e o perigo  é que a instituição é enorme,  abrigando milhares de internos que estão para o que der e vier.

É preciso muita cautela. Um motim de proporções inimagináveis é o que se desenha no horizonte com o apoio do louco-mor alçado à presidência do local.

Magno Insano não aceita sair do cargo, mesmo que a destruição do hospício seja patente, pois ele não tem a capacidade de liderança nem a disciplina que o cargo exige. Além do mais, todos os seus auxiliares são tão loucos quanto ele.

Agora Magno  Louco (digo insano) está em campanha para a reeleição. Nem ele nem os loucos aceitariam uma eventual derrota. 

Será  que o grande hospício aguenta  o grande louco por mais quatro anos? 

As poucas cabeças pensantes da instituição não veem saída em caso de reeleição do louco. A destruição seria  total e a reconstrução  dolorosa. 

Agora é  torcer para que um surto de racionalidade acometa milhares de loucos na hora exata de votar.

Missão impossível?


Talvez nem tanto, pois até loucos  podem ver que o hospício está definhando a cada dia. 

A não ser que aceitem como viável o projeto sistemático de  destruição de Magno Louco.


Mas essa é uma outra historia...






Comentários

  1. A analogia está perfeita. Estamos todos temerosos quanto a essa futura eleição. Está tudo tão surreal que não se pode afirmar nada. O lógico não existe. O óbvio não tem lugar. Impossível ele não ser reeleito? Não sei mais lhe dizer, porque tudo que eu pensava ser impossível até de se acreditar, acontece com uma naturalidade que me deixa pasma. Quem poderia servir de rival para ele? O sapo barbudo que conseguiu sair da arapuca que lhe prepararam! Mas esse sapo, proporciona esperança a alguns e temor para outros. Acho que devemos sonhar com a força desse sapo e a racionalidade do povo. Pelo menos de uma parcela que garanta a sua eleição. E façamos preces, pois o trabalho será árduo. E um conselho para aqueles que estiverem presentes no resultado final da eleição: deixar à mão uma camisa de força e uma ambulância.

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    1. Deixar à mão uma camisa de força! No grande hospício Brasil a camisa de força é a educação, mas é um remédio de longo prazo. Mas a esperança não pode morrer.

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