Elucubrações de João.
João, nosso personagem citado, aquele que vive num orfanato. Ainda se lembram dele? Pois, João tem um grau de timidez que o tem atrapalhado e, além disso é ansioso em demasia, o que o leva a sofrer às vésperas de ganhar sua carta de alforria.
-Mas João é escravo?
Não gente, alforria, nesse caso, significa liberdade, pois o nosso personagem está prestes a completar 18 anos e será desligado do orfanato onde vive.
Mas a liberdade, sonho por anos acalentado, agora lhe assusta sobremaneira e João busca, desesperadamente, criar laços para que a solidão não o assombre num futuro próximo.
Ele conheceu Ana, uma menina um ano e meio mais nova que ele, leitora insipiente, mas empolgada com os livros.
Agora João começa uma relação mais sólida com os livros, mas ao mesmo tempo se sente atraído por Ana. A insegurança, companheira de todas as horas, o aconselha a não arriscar sua amizade, mas João quer afrontá-la pela primeira vez na sua vida.
Talvez, seu principal aprendizado seja ter que lidar com essa insegurança. Nela podem residir o medo e a ansiedade que lhe atormentam.
Controlá-la talvez seja a sua principal missão nos próximos três meses.
Ainda é domingo e só na próxima sexta-feura iria ter com o psicólogo. Não via a hora de falar com ele.
-Ana agora era sua musa inspiradora.
-Será que estava apaixonado?
Por que viveu tantos anos PRÓXIMO de Ana e só agora a notou de verdade ?
-Será que doutor Vitor me ajudará a solucionar essas questões?
Que o tempo passe bem rapidinho!!
É natural que João tenha certa reserva quanto à liberdade. E aos dezoito, quase menino ainda, é fácil de entender. Liberdade requer responsabilidade e aí está o problema. Lançado a ela num repente, sem contar com ninguém conhecido, sequer amigo? Terá que criar raízes para sobreviver. Sem raiz a planta definha. Poucas resistem até que bem nutridas até timidamente surgirem as primeiras linhas que com o tempo se fortalecerão e a prenderá definitivamente ã terra. A gente não é diferente. João terá que aprender a sobreviver até criar suas raízes. Fortuitamente já tem algum material necessário: livros e amizade! Que combinação pra lá de boa, João! Tem gente que anda por aí vagando sem nunca ter tido essas ferramentas! Exercer a leitura ficou fácil, mas a menina baila na sua mente e vc quer mais. Por que não? Tímido, mas a fim de extrapolá-la, certo? Certo! Tem todo o direito! Vença a timidez e se coloque de maneira natural. Se não houver reciprocidade nesse sentimento, ficará a amizade. E amizade, diz o poeta, é quase amor. E no fundo, é o que mais conta. Ansiedade? E quem nessa idade não é ansioso? Se eu até hoje sou... Eu é que tenho que tratá-la, à sua idade tudo é perdoável.
ResponderExcluirEntão João tem três semanas para sua alforria! Faça bom uso dela, rapaz! Cada página virada é sempre uma oportunidade nova. Escreva sua história com amor e bondade.
P.S. Pretendo acompanhar essa viagem de João, portanto estou ansiosa pelo próximo capítulo.
Seus comentários são tão empolgados que as vezes penso naquela frase: "A emenda saiu melhor que o soneto". Concordo com você: A liberdade cobra um preço. E não é baixo. Porém, como dizia Sartre, estamos condenados à liberdade.
ExcluirCaramba! Tem um período nesse comentário que sem vírgulas, mas pareceu uma metralhadora cuspindo palavras. É o que dá não reler, né? Beijo.❤️
ResponderExcluirIsso não muda muita coisa. O que importa é o conteúdo e não a forma. Ficou ótimo seu comentário.
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