João e a liberdade.
João acordou agitado e com a sensação de que pouco dormiu naquela noite. Embora tenha deitado às dez horas da noite e acordado às seis , como sempre, levantou da cama extenuado e mal humorado.
Dali a três meses completaria 18 anos e esse fato, longe de trazer-lhe a alegria da liberdade, causava--lhe a preocupação excessiva com o futuro.
Vivera sempre no orfanato e, até onde sabia não tinha nenhum parente consaguineo. Sua mãe o abandonara ao nascer e nunca soube quem era seu pai. Por essas razões , a revolta sempre lhe acompanhou.
Há alguns anos ansiava pela liberdade e completar 18 anos e sair do orfanato era seu maior desejo, mas agora o receio do desconhecido, do que poderia encontrar além dos muros do orfanato lhe causava uma ansiedade, um medo que ele não sabia explicar.
-Dr Vítor, o psicólogo, trabalha toda sexta-feira no orfanato e amanhã ele estará aqui. Não aguento mais guardar tanta angústia dentro de mim. Preciso me abrir com alguém para não explodir.
A sexta-feira chegou com grande expectativa e João pediu uma consulta com o psicólogo, coisa que raramente fazia:
- Gostaria de uma entrevista com Dr Vítor, disse ele à dona Rosa, diretora do orfanato.
- Você poderia ter falado antes né. Sabe que dr Vitor só atende dez pessoas por plantão e a agenda dele já está fechada esta semana.
- Mas eu preciso conversar com ele senão vou explodir.
- Vou consultá-lo. Mas acho que só poderá ser na semana que vem.
E assim foi. João teria que segurar um pouco mais a barra pesada daquele medo, daquela ansiedade que o consumia.
Amanhã continuamos essa história.
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