Um alívio momentâneo para João.
João estava prestes a sair do orfanato, mas não sabia o que fazer, que caminho tomar, onde morar e como poderia arrumar um emprego sem nenhuma experiência profissional.
Como só poderia conversar com o psicólogo uma semana depois, resolveu expressar suas angústias alí mesmo para dona Rosa, a diretora do orfanato:
- Vai ser difícil esperar até semana que vem.
- Então fala meu filho. O que te aborrece ?
- É que eu estou temendo a liberdade.
- Isso é natural João.
- Eu quase nunca saí de dentro do orfanato e não tenho ninguém lá fora.
- Mas você terá nosso apoio sempre.
- Mas eu queria ser independente.
- Isso vai acontecendo aos poucos.
- Tem a questão do emprego. Como vou arrumar emprego sem experiência ?
- Temos convênios com muitos empresários e o curso técnico que você está concluindo aqui vai lhe servir de alguma coisa.
- Alguns colegas não foram bem sucedidos.
- Cerca de 80% dos ex internos da nossa instituição conseguem empregos devido aos convênios firmados com empresários.
- Mesmo com todo amparo que posso receber de vocês, ainda me sinto muito inseguro.
- A insegurança é algo natural nos seres humanos. Ainda mais quando temos que sair da nossa zona de conforto.
- Como assim ?
- Sua zona de conforto é o orfanato, que, apesar de tolher em parte sua liberdade, lhe trouxe a comodidade de não precisar tomar decisões importantes sobre sua vida.
- Mas eu sempre quis ser livre.
- No entanto, teme as consequências da liberdade.
- Isso é o que me deixa angustiado. Era para eu estar feliz.
- As coisas vão se ajeitar. Nós estamos aqui para dar-lhe apoio sempre que for necessário.
- Mas eu não posso mais viver aqui.
- É regra em qualquer orfanato. Aos 18 anos é liberdade compulsória. Não temos como abrigar a todos.
- Mas e se eu trabalhasse aqui ?
- Ainda assim teria que morar lá fora. São regras que devem ser seguidas por todos.
- Será que vou conseguir emprego?
- Tem tudo para conseguir. Não deixe os pensamentos negativos atrapalharem esse momento tão importante da sua vida.
- Obrigado dona Rosa!
- Não há de que! Estarei aqui quando precisar.
E João melhorou um pouquinho sua condição mental. Pelo menos naquele dia.
No dia seguinte, no entanto, os pensamentos voltaram a se priduuziir de maneira espontânea em sua agitada mente. Milhares por segundo e sempre de maneira conflitante.
E João se perguntava:
- Será que todo mundo é assim?
Será que os pensamentos brotam o tempo todo e atormentam outras pessoas como acontece comigo ?
Pensar é próprio da condição humana João.
Amanhã seguimos com a saga de João.
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