A saga de Morfeu parte 1.
Morfeu vivia no seu mundo interno mesmo que o burburinho reinasse ao seu redor. Não prestava atenção em nada e não se dava conta do que acontecia ao seu redor.
Na escola a professora sentenciava:
- Esse menino nunca vai aprender nada! Nasceu para ser burro, sendo inútil qualquer tentativa de ensinar-lhe alguma coisa!
Algumas professoras perdiam a paciência e davam-lhe cascudos, beliscões e tapas, mas, ainda assim não conseguiam acordar o menino Morfeu.
Na família, os irmãos, do alto da sua sabedoria, davam o diagnóstico:
- É um retardado!! Os pais assinavam embaixo.
Na rua, como não poderia deixar de ser, era difícil a integração de Morfeu com as demais crianças que frequentemente o viam no mundo da lua ou no seu mundo seuimaginário onde mais ninguém conseguia penetrar.
- Será que isso era uma defesa que Morfeu buscava para se afastar de um mundo cada vez mais hostil e agressivo com as pessoas que agem
ou são diferentes ?
Talvez....
Sendo desligado e desatento, Morfeu não fazia nada direito, sendo chamado de vários apelidos por essa razão. Pateta, o cachorro estabanado de Walt Disney, foi o que mais pegou.
Doravante Morfeu passou a se chamar Pateta e a família toda adotou a nova identidade do menino.
Na rua também o novo nome pegou. Morfeu não gostava nada dessa coisa de apelidos, mas nada podia fazer a esse respeito.
O apelido não chegou na escola, ainda bem, mas os resultados da desatenção começaram a surtir efeito: reprovação com louvor na primeira série por dois anos seguidos.
Não repetiu a segunda e a terceira séries, algo que para ele seria natural, mas na quarta, voltou a ficar retido, dessa vez por faltas, pois já era um adolescente e quase não ia mais à escola, pois já vendia doces e outras coisas para ajudar no sustento, já que a família era numerosa em demasia.
Morfeu foi crescendo com essa carência de aprendizado e, aos 15 para 16 anos, foi matrículado numa fundação que objetivava inserir os adolescentes no mercado de trabalho.
Com 16 para 17 anos foi encaminhado para trabalhar numa grande empresa. Ficou espantado com tanta beleza!
Mas depois voltamos a falar dessa parte. A tal empresa foi um divisor de águas na vida de Morfeu.
Na tal fundação de menores, era obrigatório estar matriculado na escola e os meninos e meninas da idade de Morfeu já estavam no segundo grau (ensino médio) enquanto ele ainda estava na quinta série depois de ter abandonado a escola.
É óbvio que voltar para a escola desagradava Morfeu, mas ele voltou e escola pública, naquele momento, passava por sucessivas greves de professores, de modo que a coisa não chegou a engrenar.
Foi estudar à noite para fazer supletivo e terminar mais rápido aquele primeiro grau (ensino fundamental) que parecia que nunca chegaria nunca ao fim.
Mas e a adaptação na tal grande empresa?
Foi bem difícil para o desligado e desatento menino a adaptação a uma empresa tão grande e cheia de pessoas bonitas oriundas de uma sociedade que ele sequer sonhava existir.
Mas esse é um capítulo muito longo e vou contá-lo depois. Por enquanto, ficamos por aqui.
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