A saga de um filósofo 1.
Frederico dizia ter uma grande autoestima, pois, muitas vezes, se achava o maior dos filósofos ou pelo menos um dos maiores naquele país de pensadores onde a Filosofia ostentava status de ciência de primeira grandeza.
Relacionar as questões sociais com os conceitos e pensamentos dos vários filósofos estava em voga e à Filosofia cabia explicar (ou tentar explicar) também as problemáticas mais complexas envolvendo a mente humana, pois a psicologia ainda não existia como ciência autônoma, sendo apenas um ramo da Filosofia.
Ciente da sua rapidez de raciocínio e da sua capacidade de relacionar situações e conceitos com clareza e discernimento, Frederico era um dos pensadores mais requisitados no ambiente acadêmico, não apenas dentro da universidade onde trabalhava, mas de uma maneira geral.
Porém, se no aspecto racional nosso personagem brilhava, pois muito estudava para exercer bem esse mister, o mesmo não se poderia afirmar no trato com os demais seres humanos.
Talvez lhe faltasse desenvolver um pouco mais essa inteligência social, pois muitas eram as reclamações dos alunos em relação ao tratamento recebido do eminente acadêmico.
Quando questionado sobre o assunto ele apenas respondia:
- Não tenho paciência com quem não busca conhecimento, com pessoas que chegaram a academia, mas, que, ao que parece, não cultivam o hábito da leitura e da reflexão. As perguntas são tão triviais que é impossível não perder a paciência.
Seus interlocutores até concordavam com a colocação e poucos o questionavam. Apenas alguns tinham coragem de fazer a seguinte objeção:
- O que você está dizendo é uma verdade incontestável, mas o modo de externarmos nossa insatisfação em relação ao fato é que faz toda diferença. Ao que ele respondia:
- Sou franco e direto. Esse é meu jeito e não pretendo mudar.
Havia grande tolerância em relação ao mestre Frederico
( ou melhor, Doutor Frederico, pois ele não abria mão do seu título) e seu cabedal de conhecimento servia de passaporte para qualquer ambiente onde onde o saber era a condição básica para qualquer convidado.
Saber ele possuía bastante, além de ser um mestre na arte da oratória. Apesar de um vocabulário algumas vezes um tanto erudito, Frederico prendia a atenção da plateia com a sua sempre brilhante palestra.
Vamos parar por aqui, mas a história de Frederico está apenas começando.
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