Paulo e a delicada busca do equilíbrio.

 

Paulo vivia uma nova fase em sua vida, mas sabia que  estava longe ainda de ficar isento de eventuais desequilíbrios, pois conhecia o que lhe ia no íntimo e sabia o quanto o álcool e o sexo poderiam lhe potencializar uma eventual ocasião. Por isso, tinha noção de que seu equilíbrio passaria, necessariamente, pelo controle de tais vícios.  

Reencarnacionista convicto, ele entendia claramente que a vida sempre nos dá o de que necessitamos para evoluir e não o que a gente, infantilmente,  pede em nossas orações, muitas das vezes sem uma compressão maior dos mecanismos que nos levam ao inevitável crescimento espiritual.  

Seu relacionamento com Joana era extremamente conflituoso, pois os ciúmes dela eram constantes:

- onde você esteve até essa hora ?

- Estava no trabalho e depois fui para a faculdade fazer uma pesquisa.

E a discussão se estendia e, depois de mais uma tentativa de isolamento,  mesmo extremamente cansado, Paulo  se rendia aos carinhos de Joana. Era sempre assim: os problemas não se resolviam com o diálogo (quase sempre inexistente), mas eram sempre protelados  com mais uma transa e adiados sempre pelo prazer momentâneo.

O isolamento corriqueiro de Paulo alimentava cada vez mais a insegurança de Joana,  que ficava cada dia mais ciumenta. E os ciúmes da mulher da mulher tendiam a potencializar esse isolamento.

- Largue esse livro homem! Você nunca me dá atenção!

- Me deixe em paz mulher! Vá ocupar essa cabeça com alguma coisa útil!

Definitivamente, não havia um mínimo de sintonia naquele casal, a não ser na hora da cama. MAS O VAZIO, MUITAS VEZES, É PREÇO A PAGAR POR TAL ESCOLHA.

O vicio do sexo para aliviar todas as dores e fugir de todas as problemáticas foi um dos efeitos colaterais dessa malfadada união. No caso de Paulo, o álcool (outro vício) também servia para potencializar sua libido.

Um dia Paulo chega em casa já esperando para aliviar seu cansaço, mais uma vez, com o relaxamento  pós ejaculatório,  mas percebe que Joana não o esperava como sempre.  Olhando ao redor, vislumbra no criado mudo na lateral da cama  um lacônico   bilhete:

- Fui embora! Não agüento mais essa vida de desamor, de insegurança emocional!

Joana!

Paulo, a despeito de não nutrir nenhum sentimento mais profundo por Joana, sentiu-se sem chão naquele momento.  

- E agora ? COMO FARIA PARA SE VIRAR SOZINHO ? E OS CHAMEGOS E CARINHOS ? E O SEXO GOSTOSO DE TODOS OS DIAS ?

Ele percebeu que havia muito de egoísmo em sua atitudes.

- De que adiantava tanta leitura,  tanto conhecimento, tanta filosofia sem que nada disso fosse colocado na vida prática ?

A volta para o centro espírita foi um passo importante para Paulo que, um dia, fora convidado pelo senhor  Ronaldo, presidente da instituição para compartilhar seus conhecimentos:

- Muitos palestrantes se afastaram em função de alguns fatores que não me cabe comentar aqui agora. Por essa razão, estou convidando pessoas de boa vontade e com bom conhecimento doutrinário para exercitarem sua oratória e, principalmente,  ajudar  contribuir com a divulgação da doutrina espírita.

- Você aceita o desafio ?

- Sim. Mesmo sabendo das minhas limitações, aceito o desafio. Vou dar o melhor de mim.

Mesmo conhecendo seus pontos fracos, Paulo não desperdiçou aquela oportunidade e estava bem satisfeito com esse mister, mas a carência sexual era também um grande problema, potencial gerador de muitos desequilíbrios.

O controle dessa verdadeira usina de energia tem sido, diuturnamente, um grande desafio a ser vencido pelo nosso personagem, que, a despeito de alguns  equívocos, tem caminhado a passos trôpegos, mas, ainda assim, vai avançando devagarzinho na conquista do equilíbrio.

Abordagens afoitas

Na casa espírita que freqüenta, Paulo começou a se relacionar com novas pessoas e as amizades femininas trouxeram alento para sua carência, mas confusão para sua mente presa num passado onde tivera que abdicar de tais privilégios.  Assim,  saber o que falar e como falar é mais um aprendizado para Paulo.  Vamos a alguns desses casos.

Renata é uma mulher sensível,   com alguns dotes físicos e que, tal como Paulo, aceitou o desafio de falar em publico numa palestra espírita, mesmo não tendo muita experiência no assunto.  Sensitiva, percebe a inspiração direta dos espíritos quando está falando (palestrando) com o publico  e tem alguns tipos de mediunidade ostensiva.

Paulo viu muito de comum na trajetória dele e de Renata só pelo fato de ambos estarem começando no mister de divulgação da doutrina espírita por meio das palestras. Mas, ao que tudo indica, havia  apenas essa coincidência  entre ambos.

Um dia, Paulo disse empolgado:

- TENHO-LHE TANTA AFEIÇÃO QUE PARECE QUE LHE CONHEÇO DE OUTRA VIDA!

Paulo sempre se lamenta:

- Não se essa fala teve alguma influência ou foi outra coisa mal colocada nos LONGOS papos que tivemos no principio do que parecia ser uma próspera amizade. O FATO É QUE RENATA ESFRIOU E NUNC MAIS HOUVE ENSEJO PARA UM LONGO PAPO sobre conhecimento doutrinário e outras coisa mais.

Até hoje Paulo pensa em Renata com grande carinho, mas não tem mais tanto ensejo de expressar o que sente.

Outras historias e outros desencontros....

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Quando a lagarta começa a virar borboleta.

Vamos aprender com nossos erros ?

Agradecer sempre, até nas dificuldades.