Bonde do Jorjão. Parte 2
Não sei se vocês ainda se lembram da história do bonde do Jorjão, a milícia que se estabeleceu nalgum ponto da parte mais pobre da zona oeste do Rio de Janeiro....
Voltando um pouco no tempo, vamos ver como estava a população do grande conjunto, também conhecido como conjuntão cerca de 24 horas após os fatos narrados anteriormente.
Pouco se sabia sobre o jovem desaparecido a não ser que ele residia, possivelmente, nas adjacências de Bangu ou padre Miguel podendo ter sido um morador do próprio conjuntâo.
Acontece que no sábado anterior houve um baile funk muito esperado nos arredores que reuniu muitos dos famosos funqueiros num clube de Bangu. Os meninos e meninas do conjuntâo foram em peso ao esperado evento.
Pierre, o filho número três de dona Maria, aquela mesma que conhecemos na primeira parte dessa história, não queria perder esse baile por nada:
- São apenas 100 reais mãe! Não vai te fazer nenhuma falta.
- Pode ter a certeza de que vai fazer falta sim. Dinheiro não dá em árvore meu filho!
- Eu sei mãe, mas eu não posso perder esse baile.
- Pede o dinheiro para o seu irmão. Eu não tenho mesmo.
- Ele não vai me dar mãe. Ele não quer que eu vá ao baile.
- Mais um motivo para você não ir. Seu irmão tem juízo e sabe o que está falando.
- Eu vou de qualquer jeito!
- Vê lá o que você vai aprontar! Eu não quero perder mais um filho.
- Para com isso mãe! Eu sei me cuidar.
Faltavam apenas três dias para o evento quando Pierre teve essa conversa com a mãe. O irmão, como era de se esperar, não lhe deu o dinheiro e ele não conseguiu nada com seus colegas que estavam com os trocados contados para o tão esperado baile. Milena, sua colega, lhe deu uma sujestão:
- Fala com Feioso! Ele agora tá poderoso e cheio da grana!
- Não quero papo com esse cara! Minha mãe não gosta dele e o acusa pela morte do meu irmão.
- Mas foi a PM que matou seu irmão!
- Mas ela tem outra versão para o fato.
- Só lhe dei uma dica, mas você é quem sabe das opções que têm. Então não vá ao baile que depois te conto tudinho.
- Não ir não é uma opção para mim.
Antes de chegar em Feioso, última opção possível, Pierre falou com Yago:
- Pô mano, me empresta só só cem conto!
- Não tenho mano! Por que você não vende uns doces no busão pra levantar essa grana?
- Aí é muita humilhação mano!
João Vitor "birrinho" era sua última esperança:
- Pô Birrinho, eu sei que você tem a grana!
- Você já me deve 200! Dessa vez não vai dar não.
E assim, Pierre foi acumulando nãos um após outro. Mas, não se sabe como, deu seu jeito e, no dia do baile se despedia da sua mãe;
- Não me espere amanhã cedo mãe! Vou dormir até tarde na casa de um amigo.
- É quem é esse amigo?
- Ainda não sei. Quando souber te aviso pelo celular.
E essa foi a última vez que dona Maria teve contato com o filho. Ela não sabia como ele tinha conseguido dinheiro para ir ao tal baile, mas sabia que o filho tinha muitos amigos.
Já anoitecia naquele fatídico domingo, quando soube o que acontecera com o filho.
Saberemos do destino de Pierre no próximo episódio.
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