Projeção coletiva de valores de fachada

 


Vejo o complicado contexto sócio político do Brasil atual sob uma perspectiva psicológica e até mesmo de afinidade de vibrações espirituais e entendo que a eleição de Bolsonaro foi uma espécie de projeção coletiva. E não se trata apenas de afinidade de pensamentos ou de uma certa cultura dita cristã compartilhada. A meu ver, há muitos outros elementos que não são tão visíveis ou mensuráveis.

Há séculos que nós como sociedade propagamos valores que estão associados à nossa cultura judaico-cristã ocidental. Só que tais "valores" culturais tem passado por um desgaste nos últimos tempos, pois carregam no seu bojo a naturalização da misoginia (preconceito contra as mulheres), a homofobia e outras coisas tiradas do livro de Levítico sem a devida contextualização social. 

Desse modo, na medida em que tais valores não passam por uma atualização, se somando a uma retórica de certos líderes que  pregam preconceitos, o uso de armas e até a violência contra os que pensam diferente deles, esses valores, mesmo associados a um certo tipo de relgiosidade, não mudam as atitudes dos seres humanos para melhor e, se não transformam (para melhor) não são valores reais. 

Então, vejo a eleição de Bolsonaro como uma projeção coletiva desses "falsos valores".  Mas, essa percepção não se dá no âmbito da coletividade que segue tal liderança, pois as pessoas são guiadas mais pelo discurso do que pelas atitudes do citado líder.

Algumas pessoas podem até perceber o quanto estavam equivocadas quando seguiram cegamente um líder que tem atitudes que,  muitas vezes, desafiam o bom senso e vive de uma retórica que precisa ser alimentada diuturnamente. Mas admitir um erro, nesse caso, seria entrar para o time daqueles que seguem a a manada, coisa inadmissível para um ser humano,  naturalmente orgulhoso.



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