Reflexões sobre o momento atual.

O momento atual, no meu modo de entender as coisas, é propício tanto ao crescimento quanto à inquietude, pois, me parece, que as questões internas estão tomando todo mundo de roldão, numa espécie de arrastamento irresistível no qual se não tomarmos uma posição, acabamos caindo no discurso de certos líderes de massa que, como muita gente, estão, no fundo, fugindo das suas questões internas.

Então, vemos um paradoxo gritante em que se relativiza até o bem para que haja uma melhor adaptação ao discurso dos ditos líderes que projetam para fora as coisas que não querem encarar dentro de si. E as pessoas que tem o mesmo perfil psicológico acabam vendo tais charlatões egoístas
como tábua de salvação, pois o desespero já é quase insuportável internamente, mas ainda muitos ainda não se sentem prontos para encarar o espelho sem máscaras.

Mas, tudo vai acontecendo rapidamente e tais líderes são desmascarados num piscar de olhos e nós continuamos com as nossas questões pendentes e um desespero cada vez maior por dar conta de tantas demandas ao mesmo tempo. A vida vai se tornando cada dia mais inquietante e nós, frequentemente, achamos que não vamos dar conta.

Mas, apesar de tudo isso, vejo o momento atual como propício ao crescimento, como uma oportunidade recuperação das nossas dificuldades internas. Sempre foi assim e de algum modo esse processo (social) sempre aconteceu, mas vejo que agora,me parece, que esse processo atinge a todos creio que sem quaisquer exceção e se não houver uma tentativa, da parte das pessoas, de lidar com tudo isso, o preço a pegar, talvez, seja altíssimo.

A demanda por saúde mental, nesse sentido,  vai aumentando cada vez mais e os consultórios de psicanalistas e psiquiatras estão sempre lotados. Daqui há algum tempo, não haverá profissionais suficientes para uma demanda cada vez mais crescente.  A situação parecerá   se apresenta mais caótica e talvez não haja soluções mágicas para questões tão complexas. 

O SUS, apesar de ter uma relevância social incomensurável,  não tem conseguido dar conta da demanda por saúde mental. Tem sido insuficiente o número de psicólogos, de analistas e psiquiatras e, nesse quadro atual, é urgente que haja aumento do número desses profissionais, tão fundamentais numa sociedade cada vez mais abalada por questões de ordem mental. Como disse anteriormente, as soluções não surgirão de um momento para o outro talvez não seja tão simples contratar milhares desses profissionais devido à sua especificidade e demanda para a sociedade de modo geral.

Mas, estamos vivendo um momento em que, você conversa com um colega de trabalho tido como "equilibrado" e competente em sua área de atuação e, derrepente, vem a notícia de que seu seu colega se afundou na depressão (da qual ninguém suspeitava) ou recebeu um diagnóstico grave de esquizofrenia ou algo parecido. 

Aí, paramos para pensar e nos perguntamos:

- Quem será o próximo(a) 

- Será que poderei ser o próximo (a) contemplado (a)?

Não dá para se dizer internamente equilibrado numa sociedade em franco desequilíbrio, salvo as exceções daqueles e daquelas que já conseguiram um grau de transcendência acima da média e, talvez, nem tenham precisado desse turbilhão que estamos vivendo para viver a sua verdadeira realidade. Salvo essas exceções, todos estamos no mesmo barco e sujeito às mesmas tormentas, mas alguns já conseguem enxergar o lado bom de tudo isso, o que já é um bom começo.

Mas e a tal da transição planetária?

Não sei se é exatamente a tal transição planetária o que estamos vivendo, mas que há uma mudança em curso, disso não posso duvidar. Muitos acham que estamos próximos do "fim do mundo bíblico" uma interpretação da qual eu discordo, mas se as mudanças externas servirem para melhorar o ser internamente, não importa a interpretação que se dê ao fato. O importante é a intenção verdadeira de mudança para melhor.

Mas não nos parece que as pessoas não estão mudando para melhor ? Alias, muito pelo contrário.

É verdade, pois o turbilhão mental que estamos vivendo nos colocam frente à frente com nossas piores mazelas e nós estamos perdidos, sem saber o que fazer. É então que enxergamos tudo o que não aceitamos em nós nas outras pessoas. Então, o ódio daqueles que nos fazem (inconscientemente) tomar contato com o que temos de pior em nós é insuportável e inaceitável. Então, matamos muitas pessoas por elas representarem uma projeção do nosso eu desprezado.

Mas não é fácil fazer esse trabalho  de transformação interior sozinho!

Isso é, de fato, verdadeiro, mas se todas as pessoas tivessem acesso aos chamados profissionais de saúde mental, talvez essa situação fosse menos grave, pois o turbilhão pelo qual estamos passando deriva, em grande medida, não compressão das coisas que sentimos, das questões projetamos sem compreender que essas questões estão dentro de nós. 

Mas isso é profundamente complexo então!

Muitíssimo complexo, pois envolve o quanto nos conhecemos ou não e, me parece, olhar para dentro não é algo muito corriqueiro entre nós, seres humanos terrenos. Pelo contrário, estamos sempre buscando subterfúgios para fugir desse encontro conosco que nos parece muito doloroso.

Mas então o sofrimento é a solução?

Sofrer é uma "solução" precária porque nós não paramos para pensar, não nos damos o devido tempo para digerir tanta informação nesse verdadeiro turbilhão diário que estamos vivendo. Às vezes a vida nos dá chance de parar para "ouvir" nosso eu interior, mas, ainda assim, nos esquivamos e, então, nos advém as consequências em forma de sofrimento, doenças etc. 

Então o discernimento é a chave para vivermos bem no momento atual ?
Sim. Uma das chaves fundamentais, pois ter discernimento é algo básico numa época em que as informações (e desinformações) nos chegam a todo momento e não temos tempo para fazer a digestão de tantas informações.



Comentários

  1. Bem complicado saber separar o joio do trigo num momento em que o mau caratismo começa nas lideranças religiosas.

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