Vivendo e aprendendo juntos.
Esse foi um ano corrido, sofrido, mas com muitas possibilidades de crescimento pessoal. No entanto, essas possibilidades nem sempre são aproveitadas de maneira integral e isso acontece pelas mais diversas circunstâncias ou mesmo por razões que ainda não conhecemos na íntegra, pois somos seres milenares em construção.
Sou um ser humano bastante complexo e esse fato não é nenhuma novidade para todos os que me cercam. Sempre tive dificuldades internas e variações de humor que me levaram a muitos dias conflitivos da minha trajetória existencial. Mas ainda assim, tenho muito o que agradecer pelo fato de que aprendi a ressignicar muitas das minhas dores e até ver o lado positivo delas.
Marcia, minha amiga e companheira de sempre, aprendeu a conviver com as minhas dificuldades e a tolerar meu isolamento voluntário nesses momentos complicados e conflituosos que me acometem. É a pessoa em quem eu mais confio, com quem posso me abrir integralmente, visto que sou uma pessoa extremamente desconfiada e fechada. Já melhorei bastante nesse aspecto.
Marcia me entende, pois ela também tem seus conflitos e estamos vivendo uma amizade que tem nos propiciado ensejos de crescimento mútuo. E isso vai se acentuando cada vez mais. Há também, nessa amizade colorida, o bônus de estar em contato direto com os irmãos espirituais que acompanham nosso processo, tendo eu o privilégio de ter orientações e conselhos rotineiras daqueles que sabem muito sobre o nosso ser espiritual, sabem muitíssimo mais que nós.
Há também minhas filhas com seus múltiplos conflitos e alguns transtornos disso decorrentes. Eu as amo muito e fico triste que o nosso jeito "porco espinho" de ser acaba gerando um distanciamento e um sofrimento que seria desnecessário se não houvesse tanto ego, orgulho e teimosia (de parte a parte) que dificultam o que era para ser fácil, pois o amor está dentro de cada um de nós.
Ana Clara foi um presente que o criador nos enviou quando Gabrielle já tinha 12 anos e meio. Ana foi uma criança profundamente amorosa e ficava me beijando o tempo todo e dizendo que queria se casar comigo. Uma criança pela qual todos se apoixanavam ao primeiro contato. Mas, a tristeza e os conflitos já estavam criando raízes em seu ser.
Ana cresceu e virou adolescente e, como nós todos, tem as suas questões e conflitos, mas, eu penso que ela despertou bem cedo para a necessidade de buscar ajuda e vai ser uma pessoa bem mais plena que nós e ajudar na contrução dessa sociedade que está se desenhando agora. Penso que, de fato, estamos vivendo uma transição.
Gabrielle, ao que me parece, sentiu muito a chegada de Ana e se sentiu desampararada quando esta nasceu, pois teve que ganhar autonomia com muita rapidez, sem um necessário tempo de adaptação. No meu jeito prático de fazer as coisas, errei por não ter dado esse tempo de adaptação, mas estava fazendo o que achava melhor dentro das minhas possibilidades e limitações.
Temos também em nossa família o irmão João, que tem ligação pretérita conosco e foi adotado por nós, mesmo sendo alguns meses mais velho que eu, chamo-o de meu filho adotivo ou meu filho mais velho. É um ser bastante complexo e tal como todos nós, está aqui para aprendermos uns com os outros.
Enfim, ainda que sem a devida autorização, estou aqui falando dessas pessoas especiais que estão na minha vida, mesmo eu sendo um ser humano propenso a solidão. Eles me compreendem e eu os compreendo e cada um vive seus dilemas com alguns momentos de solidão quando necessário e de diálogos e abraços nos momentos de carência.
Hoje me vejo como um ser humano que carrega múltiplos transtornos comportamentais e psíquicos, mas ainda tenho intacta minha memória, meu maior patrimônio e tenho condições de expressar o que sinto nos momentos mais difíceis da minha conturbada existência.
Tudo tem uma razão de ser e nada é por acaso e eu sou feliz por ter essas pessoas especiais ao meu lado e sinto que talvez um ciclo pode estar se fechando em minha vida. Talvez tenha chegado a hora de dar um tempo na correria em que se transformou minha vida nos últimos tempos, nas últimas décadas.
Tenho percebido que estou com mínima tolerância a qualquer tipo de provocação, minha paciência se escasseia, sendo necessário e urgente parar um pouco para cuidar da minha saúde psíquica, coisa que eu já deveria estar fazendo há decadas, mas que só fui adiando.
Penso que décadas de descaso podem até gerar processos de somatização e a uma doença física que, muitas vezes, surge para ajudar num processo de cura do espírito. Sinto isso como um processo natural, pois o físico e o psíquico se intercalam e, algumas vezes, não dá para delimitar uma fronteira entre uma coisa e outra.
Enfim, hoje estou aqui sentindo necessidade de escrever tudo o que sinto, mas, apesar dos muitos equívocos que ando cometendo, estou disposto a lutar para buscar sempre uma melhor versão de mim.
Estar aposentado, buscando fugir do burburinho, mas sempre em contato com outros seres humanos é a opção que me parece mais viável no momento.
Talvez uma licença de médio ou longo prazo possa se afigure como uma opção no meio do caminho. Uma readaptação não seria uma opção ruim antes de parar de vez.
Enfim, parar, dar um tempo, é o que se apresenta no momento.
Que Deus ilumine nossos caminhos!!
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